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A CONTRARREVOLUÇÃO – Bernard E. Harcourt

subtítulo: Como o governo entrou em guerra contra os próprios cidadãos

 

Para além da manipulação de informações e declaradas estratégias de supressão da liberdade das populações, quais foram e, mesmo atualmente, quais são os meios que os governos ocidentais utilizam para suprimir, pela raiz, a revolta cotidiana e as insurreições de seus diversos grupos de cidadãos? Harcourt nos demonstra, percorrendo a história da governamentalidade ocidental, que a contra insurgência não é somente uma contenção dos governos, mas uma teoria altamente enraizada no estudo do passado e na experimentação do presente. E qual governo se demonstra um importante estudo de caso? Sem gerar qualquer dúvida, o governo dos EUA.

A CONTRARREVOLUÇÃO – Bernard E. Harcourt

SKU: 9786586598148
R$70.00Price
  • O livro não necessita de qualquer antecipação que frustre o encontro original de cada pessoa com o texto, senão o gesto de uma leitura carinhosa que mapeie, por diálogos abertos, os momentos que despertam aquela arte que Foucault chamava de a “arte da inservidão voluntária, de uma indocibilidade reflexiva”. 

    Publicado em 2018, o estudo tem como perspectiva central refletir sobre os contornos das estratégias de governo forjada e as táticas de contra insurgência levadas a cabo nos Estados Unidos que, consequentemente, servem de modelo aplicável aos diversos contextos mundiais. De modo direto, desdobra-se sobre um novo paradigma de governo de populações nos EUA, um modelo político da guerra de contra insurgência, lastreado por técnicas militares que comportam três eixos fundamentais: a obtenção total de informações; a erradicação da minoria ativa e a conquista da lealdade da população em geral. Harcourt procura descrever as ondas em que a própria população norte-americana tornou-se alvo das estratégias de contra insurgência de seu governo, resultando em um conjunto prático que estabiliza uma espécie de domínio em torno de uma lógica de guerra sem a presença de uma insurgência, insurreição ou revolução – a dita Contrarrevolução.

    É apenas ao fim que Bernard assume expressamente a crítica foucaultiana para “não ser governado desta maneira”. Se há a eterna recorrência de novas formas de servidão, é porque antes novas formas de resistência as acompanham. Somos efeitos da constante batalha em torno da nossa própria subjetividade, dos processos de subjetivações que nos atravessam. As resistências são interligadas às tecnologias de assujeitamento e, além de contraporem as formas tirânicas de subjugação, são intensificadores que se opõem às tentativas de governar através do medo, do terror e da dominação absoluta. Quando uma nova forma de governar, enraizada num paradigma militar de guerra contrarrevolucionária, não cansa de demonstrar seus próprios métodos e estratégias para governar, nos mais diversos quadrantes, a resistência por meio da verdadeira coragem deve ser incansável e contínua. Se falhamos simplesmente em reconhecer o lado sombrio da legalidade, como assevera Bernard, que não menosprezemos o vigor das mobilizações que sabem viver o enigma da insurreição.

    Augusto Jobim

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