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PUBLICAÇÕES

KIT_KITSCH #7 — Pablo Vieira

KIT_KITSCH #7 — Pablo Vieira

Não trabalha mais aqui

 

 

O artista Pablo Vieira trabalhou com a GLAC em seu surgimento, em 2019, montando e pensando o site da editora. Lá, como havia sido experimentando em 2016 a edição do pequeno livro Em vista de uma prática ready-made uma made, com seis textos do coletivo feminista de arte conceitual Claire Fontaine,  iniciamos a série de livros #NãoTrabalhaMaisAqui, qual tem o objetivo de publicar textos radicais acerca da sociedade escritos por artistas. O artista, então, animado pela expressão que dá nome à série, se interessou por seu contexto: a expressão “Is no longer working here”, usada por Claire Fontaine na divulgação da exposição individual Inhibitions, realizada na galeria criada por integrantes do coletivo Bernadette Corporation, a Reena Spaulings Fine Art, em Nova Iorque, em setembro de 2009. 

 

Em maio de 2024, Vieira abre sua exposição individual Trabalhar cansa, no espaço independente Bananal, em São Paulo, na qual apresentou um conjunto de backlights realizados com estrutura de papelão. Em um deles a frase “Não trabalha mais aqui” recortada a laser. Desta apropriação, surge o Kit_kitsch #7: uma sacola de papel com o fundo rígido, que tem recortado a mesma frase, para ser usada como objeto de intervenção com spray na rua, literalmente um estêncil, ou também como capa do livro Greve humana: por uma prática da liberdade, antologia de todos os textos escritos , de 2004 a 2024 por Claire Fontaine.

KIT_KITSCH #7 — Pablo Vieira

SKU: SE007
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  • O artista Pablo Vieira oferece um desconcertante objeto de intervenção pública, para deliberado uso na rua, ao propor "Não trabalha mais aqui" – uma retomada da ambígua frase "Its no longer working here", de Claire Fontaine. É para pixar paredes e calçadas, banheiros e portas, tetos e obras de arte, o estêncil com a frase se esconde dentro de uma sacola, para que a percepção dos outros não seja tão clara. Pablo gera uma opacidade do olhar simultânea a conflitos internos nos ambientes que sua proposta alcança. Enquanto Claire Fontaine realiza a crítica com sarcasmo na apropriação dos contextos, Pablo dá agulhadas com ironia na expropriação das formas. Não somente neste trabalho, mas em quase todos de sua carreira, o procedimento do meme funda uma duplicidade de interpretação: estaria nos propondo algo a imaginar e rir ou, ao nos fazer rir antecipadamente, estamos rindo de nós mesmos. Tanto a pixação quanto o meme são para Pablo empenhos da nadição, do ser nada do corpo social "subalterno" contemporâneo, e também histórico. Ambos são realizados por anônimos que comunicam para muitos e, quase sempre, também são herméticos, seja onde estiverem, nas ruas das metrópoles ou nas páginas das redes sociais. Depois de usufruir deles, nada levamos, e devemos saber com isso que, realmente, também somos nada, como bem apontou Frank B. Winderson III com sua leitura/proposta afropessimista do mundo.

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