KIT_KITSCH #8 — Baruq e Marcelo Lustosa
CASA OCUPADA CASA ENCANTADA
Na oitava edição do KIT_KITSCH, apresentamos a proposta de Marcelo Lustosa, quem assina o projeto gráfico e digramação de Casa Encantada – Um retrato da luta por moradia em Belo Horizonte, e seu autor, Renato Baruq. O símbolo da Kasa Invisível, uma ocupação autônoma, horizontal e anticapitalista desde 2013 no centro de Belo Horizonte, MG, serve de base e inspiração para o desenho do bordado. Quem tirou o bordado do papel, por sua vez, foram as bordadeiras da Ocupação 9 de Julho, da cidade de São Paulo.
Desejamos que esses panos de prato espalhem-se pelas cozinhas do Brasil e, junto do livro Casa Encantada – Um retrato da luta por moradia em Belo Horizonte, ajudem a expandir uma visão de futuro baseada na esperança, na luta por justiça social e, ainda, oferece modos de continuar a luta contra a lógica capitalista que impõe a propriedade acima da vida.
KIT_KITSCH #8 — Baruq e Marcelo Lustosa
Por meio de entrevistas a ocupantes, ilustrações das fachadas de casas, fotografias, considerações de especialistas convidados e uma longa apresentação e reflexão final, Renato Baruq retrata vividamente a realidade das ocupações de moradia em Belo Horizonte, bem como a história de luta por um habitar digno na cidade. Aborda também o contexto social que levou à formação dessas e destaca a importância delas na resistência contra a desigualdade antes, durante e depois da pandemia de COVID-19. Um exercício militante e artístico dos desafios enfrentados quanto à resiliência e à determinação na luta por habitação digna.
Casa encantada explora a história de Belo Horizonte, desde sua fundação até a sua configuração atual, e contrasta como a cidade foi projetada para excluir os mais pobres, levando a conflitos contínuos por moradia ao longo dos anos. Perpassa a pandemia da COVID-19, que exacerbou as discrepâncias sociais de habitação, tornando mais evidente a necessidade de residência adequada para os mais vulneráveis. Conta como surgiram novas apropriações de casas durante a pandemia, muitas delas de forma espontânea e sem o apoio dos reconhecidos movimentos organizados. Hoje, essas ocupações também são percebidas como uma forma de luta contra a especulação imobiliária e por isso a importância da solidariedade e da auto-organização, dentro e fora delas. A diversidade de envolvidos, incluindo trabalhadores informais, pessoas antes em situação de rua, imigrantes e outros grupos marginalizados fez com que os locais ocupados se tornassem em espaços de construção de novas relações sociais, sólidas e comunitárias, em busca de apoio mútuo e de defesa comum dos direitos habitacionais.