A prática de Claire Fontaine se caracteriza como a interrogação e a reflexão constantes sobre a impotência política e a crise da singularidade do sujeito, que aparentemente definem, aos seus olhos, a arte contemporânea atual. Se o artista da atualidade é o equivalente subjetivo de um urinol* ou de uma caixa Brillo** - tão descolocado, tão privado de valor de uso e tão trocável quanto os produtos que produz - a perspectiva que lhe sobra é única, a greve humana.
*Referência à obra “Fountain”, de 1917, produzida por Marcel Duchamp. Nela, o artista inaugura o conceito de “ready-made” na arte, ao se apropriar de um urinol e exibi-lo em uma exposição de arte. Com esse gesto, Duchamp desafiou não só os conceitos de autoria e originalidade na arte, mas a sua própria definição.
**Referência à obra “Brillo Box”, de 1964, produzida por Andy Warhol. Atuando na mesma chave proposta por Duchamp, o que Andy Warhol fará é adicionar a camada da cultura pop na produção de seus objetos, dando ênfase principalmente a objetos relacionados ao consumismo industrial.
