(passagem do capítulo 1, no intertítulo Coletivo Paulo Freire: uma muda, muda tudo!)
Diante do exposto, não foi difícil para o coletivo desejar cooperar com o Projeto Canteiros Medicinais Periféricos, em parceria com a UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo de imediato, tendo em vista a relevância da ação, a parceria, bem como o envolvimento das comunidades.
A ideia, que sugere a criação e até mesmo ampliação de espaços verdes e sustentáveis nas comunidades periféricas com o objetivo de promover maior conhecimento técnico, educacional e prático sobre a saúde física, emocional e social das comunidades, por meio das ervas e plantas medicinais, utilizadas pelos povos originários e que desde à época de nossos avós ou bisavós já eram consumidas, trouxe a plena sensação de visibilidade e maior crédito nas vivências cotidianas da comunidade local que há muito tempo esteve quase que “escondidas”.
Tem-se observado que nos últimos anos, o interesse pelo cuidado da saúde e do meio ambiente nas periferias de modo geral, têm crescido significativamente, com isso, a proposta da criação e execução dos canteiros/hortas, para o coletivo, foi inovadora e importante para ampliação dos debates acerca do modo de vida mais sustentável nas comunidades mais vulneráveis; centralizando a pauta dos benefícios desses canteiros não só para a saúde física, mas também um maior bem estar social com fortalecimento das memórias de lutas e resistências locais.
Compreender saúde e bem-estar por meio dos canteiros medicinais, ofertou à comunidade local, maior acesso a plantas medicinais e ervas aromáticas inéditas ao conhecimento desta população, que podem ser utilizadas na prevenção e tratamento de diversas doenças bem corriqueiras na região. Além disso, o maior contato com a natureza, o trabalho com a terra e a socialização contribuíram muito para o bem-estar físico e mental dos moradores, pois a proposta era também reduzir o estresse e buscar um modo de vida mais saudável.
No tocante à educação ambiental e alimentar, foi possível nos servirmos de muitos momentos de trocas de saberes, espaços para debates educativos onde os moradores puderam ensinar e aprender sobre o cultivo de plantas medicinais, técnicas de confecção de canteiros sustentáveis, qualidade do solo, jardinagem e agricultura urbana, bem como maior conscientização sobre alimentação saudável e consumo sustentável e ainda o incentivo ao respeito ao meio ambiente.
Ao pensarmos sobre o cultivo de memórias, lutas e resistências percebeu-se, com as inúmeras trocas e práticas, quase que diárias, um significativo impacto nas relações entre os moradores, vizinhança e outros colaboradores do projeto de criação do canteiro Guaianases/Lajeado.
Nesta relação foi possível perceber, além do espaço educativo, um afetivo resgate de memórias, vivências e estórias que ampliaram os vínculos, fortaleceu a convivência e a amizade para além do casual convívio cotidiano nas áreas urbanas.
Neste contexto, vale ressaltar que os canteiros medicinais nas periferias representam ainda uma importante oportunidade, quase única, de promover saúde, fortalecer vínculos comunitários e resgatar memórias locais que são de suma relevância para as comunidades em geral. Iniciativas como essa, com evidências, proporcionam benefícios tangíveis para as comunidades, mas também contribuem para a construção de uma sociedade mais justa, saudável e sustentável para as gerações futuras.
— Coletivo Paulo Freire: Adalberto Angelo Custódio, Dircilene Rosa da Silva, Vania Maria Ferreira de Freitas e Evani Rodrigues da Paz