ofensivas: a potência do não retorno à normalidade
paulo spina
posfácio por jean tible
autor: paulo spina
posfácio: jean tible
edição e proj. gráfico: leonardo araujo beserra
capa e ilutrações: pedro andrada
leitura crítica: denise algures e lígia balista
preparação e coedição: gustavo motta
revisão: lia urbini
série: câmara hermética
ISBN: 978-65-86598-04-9
ano: setembro de 2020
páginas: 80
R$ 30,00
leia um trecho do livro: índice e primeiro capítulo
descrição
A circulação de uma doença nas proporções planetárias, ao romper o cotidiano, modificando a ordem das coisas, tem um efeito incontrolável no contexto político e precisa ser encarada como um acontecimento que, se por um lado nos bloqueia, por outro, acelera processos sociais em curso. Isso pode tanto fortalecer um por vir de uma potência coletiva em uma solidariedade transversal ou mesmo aprofundar irrestritamente os meios e os modos de dominação capitalista. Uma transformação não é dada pelas reações imediatas, mas poderá ocorrer no confronto de perspectivas políticas, sanitárias, econômicas e sociais em movimento durante e, principalmente, pós-crise. Já nos é significativo como os diversos sentimentos e precipitações provocados pela pandemia nos afeta cotidianamente. Com isso, seremos capazes de ampliar dimensões de solidariedade, ainda que em um "ambiente" insalubre de encontro e ideias revolucionárias?
No livro, o trabalhador da saúde e cientista político Paulo Spina, em uma escrita literária-política de um manifesto programático, defende que o lado daqueles que lutam por justiça precisam ir para ofensiva, propondo batalhas que disputem outras formas de organização da sociedade. O desafio é atravessar os limites lineares do curto prazo e da territorialidade nacional, e repensar com isso a própria política, agora encarnada em um projeto real, com sua multiplicidade dinâmica. Arriscar compreender este momento como oportunidade política para uma transformação efetiva além dos polos – estados nacionais versus mercado global – nos quais o modus de realizar a política social atualmente se vincula. A preocupação no texto é delinear um caminho de potência política que encontre formulações e proposições que nos atravessam por diversos espaços e tempos do ordenamento da sociedade, sem, contudo, hierarquizá-los de forma funcionalista, com uma dimensão na qual os poderes negam a si mesmos, sem reproduzir da lógica atual, realizando-se por meio de disputas efetivas, resistências programáticas e coalizões inesperadas. Construir novos horizontes globais, nacionais, domésticos e, principalmente, comunitários, como quatro ofensivas que coexistem e pluralizam as experiências e práticas políticas de formas interligadas, desconstruindo o pensamento e as maneiras comuns de ação e ocupação humana, sem uma ordenação que envolva a necessidade de mudanças subjetivas profundas, este é o projeto de materialização da imaginação gestada neste livro.
trecho
autor
Na infância, Paulo Spina viveu um contexto de solidariedade comunitária acompanhando as ações de sua mãe, que auxiliava a vizinhança com questões de saúde. Tomou contato com as lutas políticas por meio das histórias que seu pai narrava sobre o tempo de estudante nos confrontos contra o regime militar. Sua vida se transformou quando, aos 17 anos, descobriu que seria pai de Larissa – hoje com 21 anos. A paternidade foi apaixonante e um processo de reflexão para lutar por um mundo melhor. Mais três filhos chegaram depois disso: o Diego, de 15 anos; a Mell, de 12 anos; e o caçula Artur, de apenas 1 ano de vida.
Graduou-se em Educação Física e trabalhou como professor em escolas e órgão de saúde pública, setor no qual atua há 15 anos, especialmente a serviço da saúde mental. Nesse contexto, envolveu-se em diferentes lutas, participando da criação do Fórum Popular de Saúde. Tornou-se, em 2016, mestre em Ciências Sociais pela Unifesp e atualmente é doutorando no programa interdisciplinar da FFLCH-USP – Programa de Pós-Graduação em Humanidades, Direitos e Outras Legitimidades –, estudando os grupos políticos de direita, suas ações nas ruas das cidades e nas eleições.
Mantém seu envolvimento nas lutas pela saúde. Participa de um jornal comunitário, o Fontes da Água Funda, e do Coletivo Horizontes. É casado e esforça-se para viver a paternidade com participação ativa na vida dos quatro filhos.
série
#CâmaraHermética
Em um fundo difuso, entre a textura de um mármore e de uma folha xerocada, encontram-se homens brancos em trajes sociais, correndo desesperados em sua direção. Sobre eles, um sol, uma bola perigosa que brilha por meio de lanças afiadas. o vírus traz os problemas das construções do ocidente: sua inaptidão em organizar social e economicamente os habitantes, em cuidar do que ele criou no “seu” próprio mundo. O leitor de lutas aguarda a chegada dos, agora perdidos, sujeitos do capitalismo colonialista e necropolítico, e imagina com isso o momento do confronto que vem, da luta que a pandemia traz. Há muito aguardado, nessa série realiza-se este conflito em narrativas além do alcance dos olhos, desejosas pela materialização definitiva dos muitos mundos que habitam nossas imaginações. livre-se do todo, até que governe a si!
HASTA GOVERNAR A SI MISMO!
O vírus como filosofia \ A filosofia como vírus:
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